Sucessão Primária Ao princípio a minha alma era uma rocha nua. Tinha estado resguardada, protegida, Pelas necessidades mais prementes de sobreviver. Entretanto, chegou à superfície, Porque era tempo, apenas. Vulnerável e frágil, Enrolou-se sobre si mesma, Endureceu e ficou impermeável e serena. Depois a Vida Encarregou-se dos choques necessários E fê-la estalar e abrir fendas. Foi um processo lento, incómodo e surdo Mas que abriu caminho a coisas inesperadas. Foi essa camada então formada, Simultaneamente dura e frágil, Realmente, Que recebeu em si as palavras amigas, Os sorrisos, os gestos não esperados E por isso mais caros E fez deles plantas pioneiras. Talvez também o adubo necessário, Para as seguintes, mais fortes e urgentes, Sucedendo-se a um ritmo diferente. Quando a tal rocha nua percebeu Que já não era rocha, era quase um jardim. Estrebuchou, como lhe competia (afinal, é o que faz qualquer rocha que se preze...) ist...