Crianças de hoje

brincam cada vez mais fechadas no quarto

As crianças de hoje brincam cada vez mais fechadas no quarto, cercadas de tecnologia, numa espécie de "regresso às cavernas", o que empobreceu a socialização, a compreensão da diferença ou a solidariedade, de acordo com o que defende um investigador da Universidade do Minho. Alberto Nídio Silva é doutorado em Estudos da Criança, ramo de Sociologia da Infância, com a tese "Jogos, Brinquedos e Brincadeiras - Trajectos Inter-geracionais", recentemente aprovada por unanimidade. Segundo o investigador, as brincadeiras mudaram com a rapidez da sociedade e individualizaram-se. "Há uma espécie de regresso às cavernas, as crianças fecham-se num refúgio de luxo conectado com o mundo - o virtual em vez do real, o site em vez do sítio. É certo que elas continuam num mundo lúdico de encanto, mas fazem-no sem irmãos, nem vizinhos, nem amigos informais", sublinha.
Na sua tese, Nídio Silva lembra que as correrias das crianças pelos montes, as aventuras com os vizinhos e os brinquedos artesanais foram substítuídos por quartos plenos de tecnologia, brinquedos industriais e escolas a tempo inteiro, criticando as actividades curriculares sucessivas e coincidentes com a longa jornada laboral dos pais. Para o sociólogo, "a sociedade deve rapidamente reconquistar o espaço público perdido, criar espaços-tempo na escola de vocação exclusivamente lúdica e trazer ao interior da família a obrigação de abrir as portas para que, lá fora, as crianças se possam encontrar e brincar, tal como antes se reuniam no largo, adro ou campo com os vizinhos e colegas da escola, catequese ou escutismo".

Fonte: Lusa

Comentários

Mensagens populares deste blogue