Alunos vencedores


Um testemunho de um vencedor. Um aluno que se dedica ao estudo com muito empenho, trabalho, esforço... e que é exemplo para os demais colegas. Talento e trabalho são valores reconhecidos pela comunidade escolar. Lindo! Parabéns ao João, à família, aos seus professores e a todos os que o ajudam a crescer integralmente como pessoa.


NÃO ME CONSIDERO SOBREDOTADO

João Bandovas, aluno da EB 2, 3 “Sebastião da Gama”, de Estremoz, foi o vencedor do Concurso Nacional de Leitura 2008/2009, cuja final foi transmitida pela RTP1 no passado dia 15 de Junho. As provas da Final Nacional, em que participaram estudantes do 3º Ciclo e do Ensino Secundário, realizaram-se nos dias 30 e 31 de Maio último, no Cine-Teatro da Encarnação, em Lisboa.

À terceira foi de vez: o João Pedro Bandovas, sagrou-se vencedor, na categoria do 3º Ciclo do Ensino Básico, da terceira edição do Concurso Nacional de Leitura, um concurso de âmbito nacional, em que participaram trezentas escolas e dezoito distritos, com centenas de estudantes dos quais, depois de ultrapassadas as duas primeiras fases (escolar e distrital), apenas 24 chegaram à final realizada em 30 e 31 de Maio último.
Natural de Estremoz, 14 anos de idade, aluno da Escola Sebastião da Gama, onde concluiu este ano o 3º Ciclo do Ensino Básico (9º), “com 5 em todas as disciplinas”, o João Pedro é já um veterano deste concurso, pois participou nas suas três edições. Na primeira, em 2007, parou na fase distrital onde ficou empatado com outro estudante, “fomos a uma prova oral de desempate e como o meu ponto fraco é a parte oral passou o outro”.
Em 2008, na fase distrital conseguiu o 1º lugar e o apuramento para a final nacional, onde se classificou em 2º lugar. “Este ano voltei a concorrer e fiquei em primeiro lugar”.
Apresentado em formato bastante diferente dos anteriores que se baseavam na memória e na rapidez, em que o candidato mais rápido a carregar num botão tinha direito a responder a uma pergunta, sobre uma obra literária previamente lida, o concurso deste ano foi muito mais complexo e mais exigente, “integrava outro tipo de provas que avaliavam a nossa criatividade, a expressão escrita, a expressão oral, e a capacidade de argumentação”.
Para a Final Nacional deste ano foram seleccionados três livros: “Diário” de Anne Frank; “O Fogo e as Cinzas”, de Manuel da Fonseca; “A História Interminável”, de Michael Ende.
As questões, ou, melhor dito, as tarefas pedidas aos concorrentes incidiam sobre uma das três obras previamente seleccionadas sendo os concorrentes pontuados, tendo em conta as capacidades demonstradas e o seu desempenho em termos de leitura, escrita, oralidade, argumentação, criatividade. “Tínhamos que saber praticamente os livros todos, as características das personagens, parentescos, diversos pormenores da obra... e falar ou escrever sobre isso, sempre em poucos minutos ou mesmo poucos segundos. É muito stressante, estar ali sob pressão, ter necessidade de escrever algo para obter uma boa pontuação”.
O João escolheu o “Diário” de Anne Frank, de que leu um excerto e escreveu uma frase, e defendeu na prova de argumentação, onde ultrapassou o tempo que lhe estava destinado. “Só tinha 30 segundos para argumentar sobre o livro e quando cheguei ao fim dos 30 segundos ainda tinha algo para dizer, achei que era importante, porque o Diário de Anne Frank é uma obra que todos devíamos ler”.
Mas tudo acabou em bem e a verdade é que, depois de duas viagens em dois dias seguidos a Lisboa, horas de espera e de gravação, muito nervosismo, o João Bandovas, um miúdo de 14 anos, de Estremoz, sagrava-se vencedor, na categoria do 3º Ciclo, do Concurso Nacional de Leitura de 2008/2009, a que concorreu devido ao seu “gosto pela leitura”. Como prémio recebeu um computador portátil, livros, várias lembranças da RTP e uma pequena quantia em dinheiro para apoio às despesas de deslocação.
Modesto, não se deslumbra com o triunfo. “Foi uma experiência diferente que me marcará para sempre, tem um sabor diferente, continuarei com toda a humildade e a dar o meu melhor e nada mais”.
À sua escola, aos professores que o incentivaram e apoiaram neste percurso deixa um “sincero agradecimento”.

Planos para o futuro
No próximo ano lectivo, o João Pedro ingressa no Ensino Secundário e muda de escola. Garante que vai continuar a trabalhar. Vou “dar o meu melhor para obter bons resultados”. E quanto a concursos, pensa estar, pelo menos, um ano a descansar, a preparar-se para “outras batalhas”, apesar de ter vivido, como admite, “uma experiência que me marcará para sempre”, por agora acha que não vai repetir.
O seu projecto de vida aponta para outros horizontes. “Agora no secundário vou aprofundar mais os temas e escolher. Talvez vá para a ciência”.

Entre a música e a ciência
Ao gosto pela leitura, João Pedro Bandovas junta, como disse, o interesse pela ciência e o talento para a música, domínios em que também não deixa os seus créditos por mãos alheias. “Gosto de tudo, tenho interesse por todas as áreas e acho que se me dedicar a uma vou ser bem sucedido”, assegura.
Estuda violino desde a infância, destacando-se já hoje como exímio violinista. Mas apesar do talento “o violino é só um hobby”, não pensa seguir uma carreira artística “porque em Portugal é complicado, mas gostava muito”.
Diz que quer ser cientista, hesitando entre a neuro-cirurgia, a química e a física. “Sempre me interessou bastante a ciência”, afirma convictamente. Por isso tem participado no concurso “Cientista em Acção”, promovido pelo Centro de Ciência Viva de Estremoz, classificando-se em primeiro no prémio Déodat Dolomier, no concurso realizado o ano passado, a que apresentou o trabalho científico “Lei da Acção-reacção”, e o segundo lugar no concurso deste ano a que concorreu com o trabalho “Mecânica dos Fluidos – Fluidos não-newtonianos”.
Mas a vida deste miúdo não se limita apenas à música e às ciências e à participação em concursos: os seus interesses vão ainda para a informática, as artes cinematográficas (já produziu dois pequenos filmes), e o desporto sendo praticante de basquetebol e das chamadas “multi-actividades de aventura” que lhe permitem o contacto com a Natureza.
“Para a pintura e o desenho não tenho jeito nenhum, se for desenho geométrico, ali tudo certinho, ainda vai, mas o resto... (risos) e para a dança, sou um pés de chumbo” confessa, enquanto explica que não se pode ser bom em tudo e por isso recusa o epíteto de sobredotado.

Festa de despedida
Na passada sexta-feira, 19, a sua escola fez-lhe uma surpresa: à saída do exame de Português foi chamado à biblioteca. Aí aguardava-o uma pequena recepção em que participaram alguns colegas e docentes da sua turma, seus pais [o bancário José Bandovas e a enfermeira Isabel Afonso] e outros familiares. Ao som do seu violino exibiram-se fotos documentando alguns momentos da sua vida, houve bolos, emoção e discursos, a mãe agradeceu à escola, aos professores e aos condiscípulos do João Pedro o carinho, a amizade e o contributo que deram para a sua formação, e a directora do Agrupamento de Escolas de Estremoz, Adosinda Pisco teve palavras de louvor para o aluno, afirmando que a escola sente “muito orgulho pelas suas qualidades e gosto de aprender” e apontando o João Pedro Bandovas como exemplo para os outros estudantes terminou com votos de que continue no mesmo caminho de “excelência” que tem trilhado até ao momento, um caminho de “mérito e excelência”.

In Brados do Alentejo (25.6.2009)

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