Inquietações... dúvidas pertinentes dos professores

Reproduzo aqui parte de um e-mail que recebi de uma colega de uma Escola Secundária que expressa uma série de dúvidas e inquietações e que são de todos nós. Penso que a sua leitura e reflexão pode ajudar-nos neste processo tão complexo de clarificação do mesmo com o contributo de todos. Aliás, acho que quem deveria de responder às questões dos professores seria a tutela, como não o faz contamos com o contributo dos colegas.
Quem quiser colaborar nesta reflexão pode deixar aqui a sua opinião na caixa de comentários.

Congratulo-me com os inúmeros e-mails que tenho recebido e o imenso mar de material que tenho recebido via e-mail. Com algumas limitações de tempo, mas procurarei responderei a todos em tempo oportuno.

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“(…) Sobre a questão da avaliação dos professores, tenho lido as grelhas que têm sido elaboradas e levantam-se-me algumas questões:

1- questão de ética, presumo: Como um avaliador, apenas licenciado, avaliará um professor com mestrado e não avaliador( mestrado científico, neste caso, mas podendo não o ser!)?

2- questão política: No caso de o presidente do executivo não aceitar os objectivos pessoais de um professor e por tal lhe vier a definir, conforme a lei lho permite, gerar-se -á uma situação que poderá ser a recusa do avaliador em assinar o processo, por se sentir incapaz no cumprimento dos objectivos que lhe foram formulados!!! Como sair desta situação/conflito?
Já alguém pensou nisto?

Sobre as grelhas que tem divulgado, bem como as que foram elaboradas na minha escola, e permitida análise e sugestões num prazo de 5 dias (fim de semana incluído) coloquei as seguintes questões:

Avaliação efectuada pelo coordenador:

Quais os instrumentos utilizados pelo avaliador?
R:1-Observação das aulas e respectiva planificação? As aulas recaem sempre sobre a mesma turma? E no caso de não recaírem? É necessário definição no processo.
R:2-Dossier/portfólio do professor? - o avaliador observará o portfólio do professor - o que deverá constar neste portfólio? Será que as planificações de todas as aulas????

Como observará/como ajuizará o avaliador no que respeita a: adaptação da planificação a tanta coisa (avaliação...) que tenho lido? E nestas questões ainda não li nada sobre as orientações que resultam do PCT! (ser avaliador vai ser complicado!) E como adaptar ao secundário, com exame no final de dois ou três anos?
E mais uma vez, a observação recairá sempre na mesma turma? E quem a escolherá? Avaliador? Avaliado? Director escolar?

Outra questão - Não deverão as grelhas reflectir a auto-avaliação do professor? E se assim se verificar, como observar a progressão do professor? (não é assim que avaliamos os alunos?) Não me parece que esteja contemplado esta progressão! E para estar as condições têm que ser as mesmas, ou seja, sempre a mesma turma a ser observada. E isto gera outra questão: a turma poderá não ser a mesma no ano seguinte...

Mais outra questão - o que são recursos inovadores? Não terão que estar definidos para que não haja subjectividade? Não será que tenha que ser dito: tem que usar o quadro interactivo....!? Como ultrapassar a questão: Não sei usar o quadro interactivo! Não sei dar uma aula com o quadro interactivo! Quem garante que o uso do quadro interactivo promove/garante eficiência na aprendizagem? (em Matemática?) Quem garante que o uso de Power points promove eficiência? Não será um erro metodológico, em Matemática?

Não será que os objectivos pessoais possam estar reflectidos na prática lectiva, nomeadamente no que diz respeito ao uso das tecnologias na educação?

Creio que, em muito que tenho lido, me parece ser necessário a definição de alguns chavões e conceitos e acima de tudo, uma reflexão séria sobre as questões que se levantam ao redor desta temática: avaliação de professores!

Ainda outra questão - Nas grelhas postadas, os números 1. 2. 3 e 4 fazem parte da escala valorativa? Como estabelecer a correspondência para a escala de 1 a 10?
No caso de 1,2,3 e 4 não corresponder a essa escala, como atribuir a avaliação de 1 a 10? Tem que haver um critério, para se não cair em subjectividade.

Talvez seja vantajoso ler em Paidea, o que Idalina Jorge sugere, a fim de percebermos que o trabalho que estamos a fazer, não o deveríamos fazer com o objectivo proposto, mas sim como mero acto reflectivo. Este sim, parece permitir maior consciência sobre o acto de ensinar (…)”

Comentários

Fátima André disse…
Colegas,

Aqui ficam duas ou três achegas à reflexão postada:

Em relação à questão 1 não vejo qualquer obstáculo ao processo uma vez que qualquer professor licenciado tem competência para leccionar os níveis de ensino para os quais, por direito, concorreu (seja do ensino básico, seja do ensino secundário). Por isso, não me parece que se deva permitir qualquer constrangimento por esse motivo.

Questão 2: penso que ainda não está claro que seja o PCE a definir com o avaliado os objectivos individuais. Não é isso que o decreto expressa. A confusão está instalada com as respostas que aparecem no forum do DGRHE.E então qual o papel do Coordenador? Ele também é avaliador. Segundo o DGRHE, este último não é para aqui achado.

O que colocar por exemplo no Portefólio tem que ser defindo a nível de escola, no entanto, e para salvaguarda do avaliado, toda a documentação dever reflectir uma certa unidade do processo de avaliação dos dois anos. Não basta colocar planificações e materiais, por ex. só das aulas observadas, seria muito redutor. As escolas devem ter bom senso na definição do que é essencial para a clarificação do processo e do que é acessório.

A calendarização da aulas observadas é da competência do PCE, de acordo com as dsiponibilidades de horários dos docentes (observado e observador), logo, poderá não ser possível observar sempre a mesma turma. Não me parece que tenha vantagens observar sempre a mesma turma, porque o que interessa sobretudo é ver o cumprimento dos objectivos estabelecidos nas planificações, das orientações curriculares, a capacidade de comunicação ou a relação pedagógica que o docente é capaz de estabelecer com a turma... por isso, parece-me que até tem vantagens observar turmas diversificadas, pois, sabemos que há turmas mais complexas que outras (umas mais indisciplinadas, outras de fraco rendimento...)

Sobre a conversão da pontuação 1,2,3 e 4 para a escala de 1 a 10, será feita de acordo com uma grelha de ponderação que o ME ainda não colocou cá fora. Ela já existe, mas ainda não é a versão final. Eu tenho-a e vou ver se a consigo aqui afixar.
Anónimo disse…
Creio que são preocupações sérias e a Fátima André dá respostas politicamente correctas.Não me parece éticamente correcto que um coordenador/avaliador vá avaliar colegas de grupos diferentes e diga que se sente seguro do que vai fazer, quando até agora desconhecia os seus procedimentos.

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