“Apologia da imitação”
Porque o sistema educativo não é a avaliação de professores, nem pode girar à volta da avaliação do desempenho destes, porque a avaliação não é o remédio de todos os males da educação, vamos lá falar de outras coisas tão ou mais importantes e que são as aprendizagens dos alunos. Elas SIM, deviam de ser uma fonte de preocupação das políticas educativas...
Por Nuno Crato 
ESTAMOS HABITUADOS a desprezar a imitação. Mas é ela que leva os bebés a aprender a falar, que nos leva a respeitar normas sociais mesmo antes de as compreender e, segundo várias investigações do comportamento animal, é ela que, em grande parte, explica a sobrevivência de muitas espécies gregárias.

ESTAMOS HABITUADOS a desprezar a imitação. Mas é ela que leva os bebés a aprender a falar, que nos leva a respeitar normas sociais mesmo antes de as compreender e, segundo várias investigações do comportamento animal, é ela que, em grande parte, explica a sobrevivência de muitas espécies gregárias.
Quando as zebras viajam, por exemplo, se uma delas vislumbrar um leão e fugir, todas se dispersam, mesmo sem verem a ameaça. O pânico é contagiante e a imitação torna-se um factor de sobrevivência.
Também assim tem sido com a espécie humana. Psicólogos e evolucionistas estão convencidos que a imitação entre os seres humanos é ainda mais acentuada que entre os símios.
Nos últimos anos, vários estudos têm apontado nesse sentido («Nature» 437, pp.737–40 e «Animal Cognition» 8, pp. 164–81), o que põe em causa alguns mitos românticos sobre a humanidade.
Mais recentemente, estudos psicológicos têm mostrado que a imitação é um factor de coesão e de atracção entre seres humanos.
Tanya Chartrand e outros psicólogos da Universidade de Duke, em Carolina do Norte, fizeram agora uma série de experiências que mostram a simpatia gerada pela imitação («Social Cognition» 25). Em diálogo com uma pessoa, os investigadores verificaram que, se imitarem discretamente alguns dos seus gestos, posturas, tiques de linguagem e pronúncia, geram uma maior simpatia. Mediram-no de várias maneiras, por exemplo, deixando cair ao chão, de forma casual, um lápis e registando se os entrevistados tomam a iniciativa simpática de o apanhar. A probabilidade de o fazerem é cerca de três vezes maior nos que foram subtilmente imitados durante a entrevista.
A imitação tem também poderes de persuasão.
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 23 Fev 08; imagem obtida [aqui]
In http://sorumbatico.blogspot.com/2008/02/apologia-da-imitao.html
Reflexão: Embora ocupe um lugar quase insignificante na cultura das escolas, nos currículos, nos métodos de ensino e aprendizagem, nas políticas educativas… a aprendizagem por modelação, particularmente no que toca à educação de atitudes e valores, continua a produzir efeitos muito mais generosos e eficazes comparativamente com a retórica dos discursos, que de per se pouco ou nada aludem à vida quotidiana, à experiência das pessoas, ao testemunho de vida, de simplicidade, verdade, rigor, honestidade…
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