Prémio Literário José Saramago 2007

Prémio Saramago atribuído a Valter Hugo Mãe a 26.10.2007
(O prémio é atribuído bienalmente a jovens escritores)

Para Saramago, a escrita do autor é um tsunami que "traz muito de novo e fertilizará a literatura"

Valter Hugo Mãe foi distinguido, por unanimidade do júri, com o prémio José Saramago 2007, pelo romance o remorso de baltazar serapião (as minúsculas são do autor, que assina também em minúsculas). Em Lisboa, onde o prémio foi entregue, o escritor não conseguiu esconder a surpresa: "Estou habituado a pensar na escrita como um exercício de solidão e hoje sinto-me muito acompanhado".

Sobre a obra, o premiado garantiu à comunicação social que a sua “forma de protestar é expor, e o livro manifesta de uma forma asquerosa o que alguns homens pensam sobre as mulheres”.

Para o patrono do prémio, José Saramago, criado pela Fundação Círculo de Leitores em homenagem pela atribuição do Nobel em 1998, o livro distinguido "é um tsunami, no sentido de uma revolução" que passou "despercebida" em Portugal. Editado pela Quidnovi, em Abril de 2006, o remorso de baltazar serapião é o segundo romance de Valter Hugo Mãe, nascido em Angola, em 1971.


Algumas notas sobre a obra:

o remorso de baltazar serapião
Quidnovi, Matosinhos / Lisboa, 2006

Numa Idade Média brutal e miserável, Baltazar casa com a mulher dos seus sonhos e, tal como o pai fizera antes com a mãe e com a vaca Sarga, fêmeas irmanadas em condição e estatuto familiar, leva muito a sério a administração da sua educação. Mas o senhor feudal, pondo os olhos sobre a jovem esposa, não desiste de exercer sobre ela os seus direitos. Entregue aos desmandos do poder e do destino, Baltazar será forçado a seguir por caminhos que o levarão ao encontro da bruxaria, da possessão e do remorso.

Com um notável trabalho de linguagem que recria poeticamente a língua arcaica e rude do povo, o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe — autor, entre outros, de o nosso reino, seleccionado pelo Diário de Notícias como um dos melhores romances portugueses de 2004 — é uma tenebrosa metáfora da violência doméstica e do poder sinistro do amor.

(texto na contracapa do livro)

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