Comunicar, Interagir, Educar… pela Leitura


Há dois dias atrás (22 de Outubro) celebrámos um pouco por todas escolas do nosso Portugal pequenino, o DIA INTERNACIONAL DA BIBLIOTECA ESCOLAR. As iniciativas foram as mais diversas e interessantes. Daquelas que tenho conhecimento contam-se: a organização de pequenas feiras de livros, a presença de escritores, a ornamentação de espaços convidativos à leitura, a declamação de poesia…
Mas quero partilhar neste espaço uma iniciativa que me tocou particularmente e que foi organizada pela Mediateca da Escola onde lecciono:
Recebi logo pela manhã um folheto que continha a seguinte designação na página de abertura “Neste dia tão especial para as Bibliotecas das escolas de todo o mundo, a Biblioteca da tua Escola convida-te a abrir um…”
Confesso que foi um dia de muito trabalho e não tive tempo de abrir o pequeno livro que me convidavam a ler…
Só hoje consegui arranjar tempo para abrir o meu livrinho e ler a mensagem que ele continha. Achei-a magnífica e partilho-a com todos os leitores, com especial apreço pelos mais pequenos, deixando um incentivo à leitura.

Livro Fechado

“Era uma vez um livro. Um livro fechado. Tristemente fechado. Irremediavelmente fechado.
Nunca ninguém o abrira nem sequer para ler as primeiras linhas da primeira página das muitas que o livro tinha para oferecer.
Quem o comprara trouxera-o para casa e, provavelmente insensível ao que o livro valia, ao que o livro continha, enfiara-o numa prateleira, ao lado de muitos outros.
Ali estava. Ali ficou.
Um dia, mais não podendo, queixou-se:
– Ninguém me leu. Ninguém me liga.
Ao lado, um colega disse:
– Desconfio que, nesta estante, haverá muitos outros como tu.
– É o teu caso? – esclareceu o colega, um respeitável calhamaço.
– Estou todo sublinhado. Fui lido e relido. Sou um livro de estudo.
– Quem me dera essa sorte – disse outro livro ao lado, a entrar na conversa. –Por mim só me passaram os olhos. Página sim, página não…Mas enfim, já prestei para alguma coisa.
– Eu também – falou, perto deles, um livrinho estreito. – Durante muito tempo, servi de calço a uma mesa que tinha um pé mais curto.
– Isso não é trabalho para livro – estranhou o calhamaço.
– À falta de outro… – conformou-se o livro estreitinho.
Escutando os seus companheiros de estante, o livro que nunca fora aberto sentiu uma secreta inveja. Ao menos, tinham para contar, ao passo que ele… Suspirou.
Não chegou ao fim do suspiro, porque duas mãos o foram buscar, ao aperto da prateleira. As mãos pegaram nele e poisaram-no sobre uns joelhos.
– Tem bonecos esse livro? – perguntou a voz de uma menina, debruçada para o livro, ainda por abrir.
– Se tem! Muitos bonecos, muitas histórias que eu vou ler-te – disse uma voz mais grave, a quem pertenciam as mãos que escolheram o livro da estante.
Começou a folheá-lo, e enquanto lhe alisava as primeiras páginas, foi dizendo:
– Este livro tem uma história. Comprei-o no dia em que tu nasceste. Guardei-o para ti, até hoje. É um livro muito especial.
– Lê – pediu a voz da menina.
E o pai da menina leu. E o livro aberto deixou que o lessem, de ponta a ponta.
Às vezes vale a pena esperar.”



António Torrado
Mensagem Nacional para o Dia Internacional do Livro Infantil
2 de Abril de 1997



E para terminar, o meu desafio:

Ler, ler muito é um dos melhores exercícios que podemos fazer na vida! Em qualquer idade e desde a mais tenra idade!

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